INTERNACIONAL
Facebook diz ter derrubado rede de desinformação russa comandada pelo Kremlin
Rede expunha a Ucrânia como uma nação fadada ao fracasso e dizia que o Ocidente havia traído o país ao não dar apoio militar

A Meta, empresa gestora do Facebook e do Instagram, disse ter derrubado nas duas redes sociais uma rede de desinformação russa, comandada pelo Kremlin, que tinha como alvo sobretudo a população da Ucrânia, país invadido por tropas da Rússia na última quinta-feira (24). As informações são do jornal britânico Guardian.
“Ela (a rede) era operada na Rússia e na Ucrânia e atingiu pessoas na Ucrânia em várias plataformas de mídia social e por meio de seus próprios sites. Retiramos esta operação, bloqueamos seus domínios de serem compartilhados em nossa plataforma e compartilhamos informações com outras plataformas de tecnologia, pesquisadores e governos”, diz um post publicado por Nathaniel Gleicher e David Agranovich, chefe de política de segurança e diretor de interrupção de ameaças da Meta, respectivamente.
Segundo a Meta, a rede era relativamente pequena, composta por cerca de 40 contas, páginas e grupos originários de duas redes sociais do grupo, Facebook e Instagram. Eram páginas que se diziam organizações independentes e, assim, criavam perfis falsos em diversos sites, entre eles Twitter e YouTube, bem como o aplicativo de mensagens russo Telegram.
A rede tinha cerca de quatro mil seguidores no Facebook e pouco menos de 500 no Instagram. Havia perfis que diziam pertencer a jornalistas, engenheiros aeronáuticos e hidrógrafos, todos supostamente vivendo em Kiev e difundindo falsas informações. O objetivo era expor a Ucrânia como uma nação fadada ao fracasso e dizer que o Ocidente havia traído o país ao não oferecer apoio militar durante o conflito.
“Entramos em contato com o governo da Ucrânia e, a pedido deles, também restringimos o o a várias contas na Ucrânia, incluindo aquelas pertencentes a algumas organizações de mídia estatal russas”, disse em sua conta no Twitter Nick Clegg, presidente de assuntos globais da Meta.
A empresa afirmou que a rede tem conexão com outra que havia sido desabilitada em abril de 2020, ligada a indivíduos na Rússia, na Crimeia anexada e em Donbass, no leste ucraniano. Uma campanha hacker batizada Ghostwriter, patrocinada por Moscou, fez parte da desinformação há dois anos, com o objetivo de hackear perfis de figuras importantes da política ucraniana e por eles difundir informações pró-Rússia e contrarias à Ucrânia.
Lituânia e Polônia haviam emitido uma declaração pedindo que Twitter, Facebook, Google e YouTube suspendessem as contas de líderes políticos russos e belarussos, bem como da mídia e de outras instituições estatais nesses países. A Rússia reagiu com restrições parciais impostas às redes sociais, alegando se tratar de uma ação recíproca em função da censura à mídia estatal russa.
Por que isso importa?
A escalada de tensão entre Rússia e Ucrânia, que culminou com a efetiva invasão russa ao país vizinho na quinta-feira (24), remete à anexação da Crimeia pelos russos, em 2014, e à guerra em Donbass, que começou naquele mesmo ano e se estende até hoje.
O conflito armado no leste da Ucrânia opõe o governo central às forças separatistas das autodeclaradas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, que formam a região de Donbass e foram oficialmente reconhecidas como territórios independentes por Moscou. Foi o e aos separatistas que Putin usou como argumento para justificar a invasão, classificada por ele como uma “operação militar especial”.
“Tomei a decisão de uma operação militar especial”, disse Putin pouco depois das 6h de Moscou (0h de Brasília) de quinta (24), de acordo com o site independente The Moscow Times. Cerca de 30 minutos depois, as primeira explosões foram ouvidas em Kiev, capital ucraniana, e logo em seguida em Mariupol, no leste do país, segundo a agência AFP.
Para André Luís Woloszyn, analista de assuntos estratégicos, os primeiros movimentos no campo de batalha sugerem um conflito curto. “Não há interesse em manter uma guerra prolongada”, disse o especialista, baseando seu argumento na estratégia adotada por Moscou. “Creio que a Rússia optou por uma espécie de blitzkrieg, com ataques direcionados às estruturas militares“, afirmou, referindo-se à tática de guerra relâmpago dos alemães na Segunda Guerra Mundial.
O que também tende a contribuir para um conflito de duração reduzida é a decisão da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) de não interferir militarmente. “Não creio em envolvimento de outras potências no conflito, o que poderia desencadear uma guerra mais ampla e com consequências imprevisíveis”, disse Woloszyn, que é diplomado pela Escola Superior de Guerra.


INTERNACIONAL
Moscou aproveita brechas, contorna sanções e usa tecnologia americana em suas armas
Investigação revela como semicondutores dos EUA chegam à Rússia, equipando mísseis, drones e outros equipamentos militares

Mesmo sob rígidas sanções impostas pelos EUA e aliados desde a invasão da Ucrânia, a Rússia continua a obter tecnologia ocidental para abastecer sua indústria bélica. Documentos obtidos pela rede Bloomberg mostram como distribuidores russos usam intermediários em países como Hong Kong para ar semicondutores fabricados por empresas americanas, incluindo a Texas Instruments. Esses componentes, essenciais para a produção de mísseis, drones e outros armamentos, têm sido recuperados de armas russas, expondo falhas no controle das exportações e nas medidas de compliance das empresas.
Os distribuidores russos integram dados da loja online da Texas Instruments, como preços e disponibilidade de produtos, diretamente em suas próprias plataformas. Isso permite que clientes baseados em Moscou ou São Petersburgo visualizem informações detalhadas e façam pedidos como se estivessem comprando diretamente do fabricante. Esses pedidos são realizados por meio de intermediários localizados em países terceiros que reexportam os componentes para a Rússia.
De acordo com documentos analisados, uma distribuidora russa processou mais de quatro mil solicitações em 2024, totalizando cerca de US$ 6 milhões em semicondutores, dos quais a maior parte foi destinada a empresas militares, enquanto o restante foi presumidamente utilizado em aplicações civis. Esse esquema se aproveita de brechas legais e da falta de controle sobre a cadeia de fornecimento, permitindo que tecnologias americanas continuem abastecendo o setor militar russo.

Mísseis, drones e bomba guiadas
Os chips adquiridos dessa forma são utilizados em uma ampla gama de equipamentos militares, como os mísseis balísticos Iskander, drones kamikaze e bombas guiadas que têm causado devastação na Ucrânia. A simplicidade do processo de compra e o uso de intermediários em países fora da Rússia tornam a fiscalização mais difícil, como destacou o senador Richard Blumenthal: “As empresas estão conscientemente falhando em impedir que suas tecnologias beneficiem a Rússia”.
A Texas Instruments afirma que cessou todas as vendas diretas à Rússia antes mesmo das sanções ocidentais, mas reconhece que seus produtos continuam sendo desviados por intermediários.
““Trabalhamos arduamente para evitar o desvio ilícito das nossas peças para a Rússia. Todos os níveis da nossa empresa levam isso a sério”, disse Shannon Thompson, assistente jurídica da empresa. No entanto, documentos analisados pela Bloomberg indicam que a empresa enfrenta dificuldades em rastrear para onde vão seus produtos devido ao alto volume de vendas e ao baixo custo unitário.
Além disso, investigadores identificaram que portais russos, como o getchips.ru, utilizam dados obtidos de APIs e outras fontes para ar informações detalhadas sobre produtos e estoques. Embora a Texas Instruments negue fornecer o direto a essas ferramentas, especialistas sugerem que intermediários estão utilizando métodos alternativos para replicar informações da loja online da empresa.
Os desafios não param por aí. O sistema de gestão de uma das distribuidoras russas analisadas mostra que muitos produtos adquiridos são essenciais para a fabricação de equipamentos militares. Um exemplo é o uso de chips de baixo custo para modems de comunicação que, segundo um documento enviado ao Ministério da Defesa russo, “não possuem alternativas locais e garantem a confiabilidade necessária”.
Protesto ucraniano
Desde o início do conflito, autoridades ucranianas recuperaram mais de quatro componentes ocidentais de armamentos russos, sendo 14% deles fabricados pela Texas Instruments. “Enquanto essas tecnologias estiverem disponíveis, regimes terroristas continuarão a transformá-las em armas”, alertou Vladyslav Vlasiuk, comissário ucraniano para políticas de sanções que cobra maior comprometimento das empresas e governos ocidentais para reforçar os controles.
Embora as sanções ocidentais visem restringir o o da Rússia a tecnologias de ponta, brechas no sistema de exportação permitem que intermediários em países como Hong Kong atuem como facilitadores.
Investigadores acreditam que o rastreamento rigoroso, incluindo a análise de padrões suspeitos de compra, pode ajudar a mitigar os desvios.
“Acho que todos podemos fazer mais. Controle de exportação mais completo. Procedimentos de conformidade mais rigorosos por parte dos fabricantes. Mais compromisso por parte de países terceiros”, disse Vlasiuk.
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